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Ródão, um concelho com História e com Memória!
Os mais antigos vestígios do passado de Ródão são de natureza geológica e estão datados de cerca de 600 Milhões de anos. Desse período são visíveis, nas rochas xistosas e quartzíticas, fósseis de trilobites e bivalves, testemunhos de um antigo mar que chegava até Ródão.
Neste contexto natural, dominado pelo rio Tejo, que molda a paisagem e pelas Portas de Ródão, o seu referencial geográfico, a humanidade encontra, nos terraços fluviais das margens do grande rio, as condições ideais para estabelecer os primeiros acampamentos temporários que remontam ao paleolítico inferior e dos quais o Monte do Famaco (150.000 anos; Vilas Ruivas (50.000 anos) e a Foz do Enxarrique (35.000 anos). Constituem importantes exemplos dessa ancestral presença humana.
No Neolítico (há cerca de 6000 anos) as primeiras comunidades agro-pastoris estabelecem-se nas charnecas envolventes do Tejo, onde podem praticar a agricultura e onde constroem dezenas de povoados e monumentos funerários, as Antas. Junto ao rio gravam marcas de uma religiosidade muito própria e que constitui o complexo de arte rupestre do Tejo, com cerca de 25 000 gravuras.
Estes vestígios do povoamento antigo estão na origem das atuais localidades sobretudo da freguesia de Fratel.
A Roma Imperial e a sua ambição de riqueza e poder revolvem as margens do Aurifer Tagus para dele extrair ouro de aluvião, de cuja atividade são testemunho as enormes conheiras que rodeiam as margens do Tejo e Ocreza. Nas planícies aluviais do Açafal e do Lucriz exploram os terrenos agrícolas que abastecem de cereais as hordas de escravos utilizados na mineração do ouro e do cobre.
Da presença muçulmana e das guerras da Reconquista o castelo de Ródão e o lendário local constituem testemunhos inequívocos, um vez mais tendo o rio como sinal de fronteira da cristandade, diligentemente guardada pelos Templários, donos e senhores de um vasto território chamado Herdade da Açafa doada aos templários pelo Rei Sancho I em 1189. O povoamento do concelho é anterior à formação da nacionalidade, não se lhe conhecendo foral.
O seu território constituía um ponto estratégico na delimitação das fronteiras cristãs, face aos muçulmanos, e na garantia da liberdade de navegação do Tejo, daí advindo a necessidade de edificação do seu castelo, torre de vigia rodeada por cintura de muralhas, localizado num ponto estratégico no topo das Portas de Ródão.
A existência do pelourinho manuelino confirma a autonomia municipal posterior ao século XIII.
Em 1708, Ródão constituía vigairaria da Ordem de Cristo, Comenda do Conde de Athouguia e contava apenas 160 fogos. Em 1768 já era vila do Bispado da Guarda e contava 172 fogos. O Censo de 1864 atribuiu-lhe 355 fogos e 1454 habitantes e o de 1878 deu-lhe 430 fogos e 1652 habitantes.
Em 1708, o concelho compreendia já as mesmas quatro freguesias de hoje - Vila Velha de Rodam, Alfrívida (atualmente é Perais a sede de freguesia), Sarnadas e Fratel.
A importância de Ródão advém do Porto do Tejo que dava passagem a uma estrada comercial e pastoril, fundamental para assegurar o fluxo de mercadorias do interior para o litoral e do litoral para o interior e que tinha em Ródão o seu local privilegiado. Até ao Porto do Tejo chegavam as embarcações que subiam o rio, auxiliadas pela força humana e de bestas que ajudavam a vencer os rápidos, usando para tal os muros de sirga que ladeiam as margens do rio.
Este tráfego fluvial foi muito ativo até à construção do caminho-de-ferro da Beira Baixa, nos finais do século XIX (1891) que retirou ao porto do Tejo e a Vila Velha de Ródão a importância económica que até essa data desempenhou em toda a região do interior Beirão.
Do ponto de vista estratégico-militar, nos séculos XVIII e XIX, ocorreram em Vila Velha de Ródão um conjunto de ações militares - no contexto da Guerra dos Sete Anos e das Invasões Francesas - que colocam esta vila nos anais da História de Portugal e cujas obras de defesa são ainda hoje visíveis na serra das Talhadas.
No último quartel do século XIX, a construção da ponte metálica e do caminho-de-ferro contribuíram, decisivamente, para o desenvolvimento do concelho. Foi também nesta altura que se introduziu a olivicultura intensiva nesta região, que tão marcadamente contribuiu para as alterações na paisagem e economia locais.
Desta milenar sequência cronológica, Ródão possui inúmeros vestígios visitáveis tanto no terreno como nos seus espaços museológicos, muito didáticos e representativos dos mais importantes pontos de interesse para quem quer descobrir a génese e a essência deste território.